sexta-feira, julho 16, 2010

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Brennand estreia em longa

O administrador de empresas Marcelo Brennand pratica o que aprendeu nas escolas de cinema filmando campanha eleitoral em Gravatá

O longa do estreante Marcelo Brennand, Porta a porta – uma política em dois tempos teve o mérito de trazer à tona um tema muito pertinente: a mudança na vida dos habitantes de Gravatá, cidade de porte médio igual a tantas outras do Nordeste, que se transforma a cada campanha eleitoral, quando surgem novos postos de trabalho. As disputas apaixonadas nos bastidores da campanha também são mostradas neste documentário feito com recursos próprios, a “baixo custo”, segundo o diretor.

Com 80 minutos, o filme traz, sem cortes de edição, depoimentos de eleitores, cabos eleitorais e candidatos a vereador. Numa das entrevistas, uma senhora (não há crédito) diz que, “quando passa a política (a campanha eleitoral), fica só em casa, olhando os carros passar, porque não tem nada para fazer”. Miséria e promessas não cumpridas de campanhas passadas estão todas ali documentadas. Porta a porta tem uma série de problemas técnicos, a exemplo de entrevistas inaudíveis na primeira metade do filme. Problema corrigido depois, parcialmente, com a adição de legendas, mas, essas, por sua vez, têm erros crassos de português. Apesar desses senões, o documentário vale a pena ser visto pela riqueza do tema e por possibilitar ouvir o povo simples do Nordeste: sempre inventivo, irreverente e muito, muito engraçado.

Aos 28 anos, morando há 10 em São Paulo, Marcelo Brennand fez Administração de Empresas na Fundação Armando Alvares Penteado, onde se formou em 2005. Em São Paulo, trabalhou no HSBC, no South América Trading e na PricewaterhouseCoopers.

Há pouco mais de dois anos, foi para os Estados Unidos, onde estudou direção de cinema na Academia de Filmes de Nova Iorque e fez aulas de cinema na Universidade de Nova Iorque. Também fez direção de fotografia para Cinema na Stein Produções, uma empresa paulistana que promove oficinas de cinema digital de curtíssima duração.

Ainda na academia de cinema, começou a fazer as primeiras entrevistas em Gravatá, somando quase 50 horas de filme. “Fui decupando o material e amadurecendo o roteiro”, diz ele. A sua ideia era acompanhar os bastidores de uma campanha política que estivesse fora da mídia nacional, mas que retratasse o modo como ela ocorre no País. “Ao chegar lá, me deparei com o impacto socioeconômico que a campanha produz. Tinha a questão da empregabilidade, sem falar no engajamento. As pessoas acabam se envolvendo e, com a aproximação do pleito, quem era amigo, deixa de ser e por aí vai”, conta. Ainda segundo Marcelo Brennand, naquele contexto, a política “virou um meio de subsistência não apenas para os que trabalham, mas também para os que se candidatam.”

“A principal dificuldade que eu tive foi de montar a história para que ela resgatasse a sensação que tive quando das filmagens”, explica. Agora, Marcelo, que foi de porta em porta convidando os atores para ver o filme, viabilizando transporte até o Recife, quer mostrar o seu documentário em praça pública no interior de Pernambuco.

(Publicado no Jornal do Commercio - Recife, 27/04/2010)

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