quinta-feira, maio 26, 2011

De Céu a céu


Terminar hoje.

Todos os trabalhos pendentes.

Terminar hoje.

Tudo o que devia estar enterrado.

Terminar hoje.

O choro inconsolável.

Terminar hoje.

A construção do alicerce.

Terminar hoje.

A conversa sem sentido.

Terminar hoje.

O renitente desejo frustado.

Terminar hoje.

Tudo o que precisa findar.

Terminar hoje.

O trabalho dos dias.

quarta-feira, maio 25, 2011

Ventania


Rumores...

Aqui, acolá, uma notícia mais sólida.

Que se desfaz no dia seguinte.

Os olhos sempre marejados.

Um acorde ao longe e já tudo recomeça.

Cansaço.

Do dia, do pedal, das palavras inócuas, das idas e vindas.

Do que bem poderia ter sido.

Se.

terça-feira, maio 24, 2011

Hábitos de flanador


A chuva varria a rua de maneira inexorável.

Dentro do carro - oh, mais um automóvel a poluir a cidade, agora vazia... - um outro vazio de corredor.

Meus olhos quase a pular da órbita, tentando ver o impossível. Só os pingos grossos e insistentes
pareciam conter alguma realidade.

Fujo do passado engessado e não tenho onde ir. Estou só, em silêncio, entre pontes e rios.

Almejo apenas uma sombra, uma rede e uma leve brisa a remexer os meus cabelos
como um afago altruísta de algum flanêur.

quarta-feira, maio 11, 2011

Para Leminski


entre o verde que vejo e o verde que escrevo entra uma tonalidade que não almejo