sábado, junho 09, 2012

Inequações




Também eu um dia irei morrer. Pode ainda ser mesmo hoje. Pode ser amanhã. Ou, talvez, demore. E o que importa? Importa o meio tempo entre esse agora e o momento em que meu corpo, inerte, será lançado à terra ou ao mar ou aos quatro ventos. Por um instante, pareceu tão simples essa equação. Mas sei que terá sido só por um breve instante. Depois, chegarão as velhas linhas e esquinas e os labirintos, onde tateio cega em busca de uma saída. Ou de uma rua ou avenida. Meu ser inteiro escreve a minha alma. Do fundo do fundo do caldeirão sobem palavras claras que se desviam das estalactites no meio do caminho até o entorno do caldeirão. Lá em cima, bem acima, muito acima, um céu imaculado. Sim, a morte nos ajuda a pensar a vida.

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