sexta-feira, setembro 10, 2010

Imanência


Era um quintal ensombrado, murado alto de pedras.

As macieiras tinham maçãs temporãs, a casca vermelha

de escuríssimo vinho, o gosto caprichado das coisas

fora do seu tempo desejadas.

Ao longo do muro eram talhas de barro.

Eu comia maçãs, bebia a melhor água, sabendo

que lá fora o mundo havia parado de calor.

Depois encontrei meu pai, que me fez festa

e não estava doente e nem tinha morrido, por isso ria,

os lábios de novo e a cara circulados de sangue,

caçava o que fazer pra gastar sua alegria:

onde está meu formão, minha vara de pescar,

cadê minha binga, meu vidro de café?

Eu sempre sonho que uma coisa gera,


nunca nada está morto.

O que não parece vivo, aduba.

O que parece estático, espera.

Um comentário:

fazendo fita disse...

Oi querida,
sinto tanto,ele está em algumas boas lembranças
de minha infância.
a morte sempre me deixa sem palavras.
um beijo
kicinha